Com um desfile que mais parece um filme de arte, Maria Grazia Chiuri encerra sua jornada na Dior — e o faz com a sensibilidade e a força que marcaram toda a sua passagem pela maison francesa. Apresentada em Roma a coleção Cruise 2025 veio acompanhada de um fashion film intitulado Fantasmas do Cinema, uma homenagem ao lendário figurinista italiano Umberto Tirelli, fundador da célebre Casa Tirelli em 1964, especializada em figurinos para o cinema e o teatro italiano.
Ao mergulhar nesse universo, Chiuri traduziu o poder evocativo do figurino como linguagem e identidade. Em uma paleta sóbria e teatral, com silhuetas que flutuavam entre o passado e o presente, ela prestou tributo à memória, à fantasia e ao poder transformador do vestir. Foi como se cada look trouxesse à tona os fantasmas criativos da história — não para assombrar, mas para iluminar.
Esse desfile não foi apenas o último de sua gestão, mas um manifesto final — um ponto de encontro entre arte, moda, feminismo e cultura. Durante seus anos na Dior (desde 2016), Chiuri foi a primeira mulher a assumir a direção criativa da maison e reescreveu os códigos da marca sob uma nova perspectiva: feminista, política e artística.
Ela deu voz às mulheres em passarelas adornadas por frases como “We Should All Be Feminists”, colaborou com artistas e artesãs do mundo todo, levou a Dior a locais históricos como Marrakech, Lecce e agora Paris — e transformou cada desfile em uma conversa com o tempo e com o mundo.
Maria Grazia Chiuri encerra seu ciclo na Dior com maestria. E como todo grande ato final, este não é um ponto final, mas o início de um novo capítulo — para ela, para a Dior e para a moda.