O Lyst Index do primeiro trimestre de 2025 foi divulgado no último dia 30 de maio, revelando muito mais do que apenas um ranking de marcas: ele escancara os desejos do consumidor contemporâneo e aponta para os novos rumos do luxo global. A cada temporada, essa bússola fashion mede não só as buscas e as vendas, mas também a pulsação digital das grifes — e o resultado desta vez é puro dinamismo criativo.
A liderança da Loewe, agora no topo após um crescimento expressivo de 38% nas buscas, mostra como a saída de Jonathan Anderson reacendeu o interesse pela maison espanhola, que hoje traduz como poucas o espírito do luxo moderno e artesanal. Curiosamente, o mesmo Anderson assume agora a direção criativa da Dior Men, o que apenas reforça sua influência transformadora no mercado.
Logo atrás, a Miu Miu mostra resiliência com sua estética lúdica e ousada, mesmo com uma leve queda para a segunda posição. Em terceiro lugar, Saint Laurent reafirma sua força sob a direção afiada de Anthony Vaccarello, equilibrando provocação e sofisticação com elegância parisiense.
Mas são as surpresas do ranking que aquecem nossos olhos fashionistas. Coach, em plena ascensão, prova que o reposicionamento criativo somado a boas colaborações pode revitalizar uma marca americana tradicional e conectá-la a uma nova geração. E a COS, que subiu impressionantes 11 posições, mostra que o minimalismo acessível, bem-feito e com design de peso tem, sim, lugar de destaque no coração dos consumidores.
Prada, Bottega Veneta, The Row e Chloé mantêm a narrativa do luxo atemporal, com altos e baixos pontuais, mas sem perder a essência. A entrada de Chloé no top 10 com seu boho refinado marca um retorno poderoso da feminilidade sonhadora, agora sob o olhar de Chemena Kamali. Já The Row, com sua estética silenciosa e preciosismo de alfaiataria, reafirma que menos é mais — e muito mais.
Alaïa ocupa o décimo lugar com sua abordagem única da alta costura — ainda poderosa, mesmo após leve queda. A grife permanece como sinônimo de escultura em movimento, e sua presença aqui é mais uma prova de que o legado visionário de Azzedine Alaïa continua inspirando.
Para além do top 10…
Vale destacar também a presença de Ralph Lauren em 12º lugar, ressurgindo com força em meio à nova onda do quiet luxury, e a estreia da ON — marca esportiva suíça que traz frescor ao segmento activewear com seu DNA tech e sofisticado. A Totême, que aparece em 19º, representa perfeitamente o desejo por um guarda-roupa cápsula de peças versáteis, elegantes e sem esforço — exatamente como o consumidor atual quer viver e vestir.
O que este trimestre nos mostra é que o luxo está em movimento — e não apenas nas passarelas. Ele se reinventa nos ateliês, nas redes sociais, nas colaborações criativas e, principalmente, no comportamento de um público que valoriza propósito, qualidade e originalidade. E se existe uma certeza neste mar de mudanças, é que a moda continuará sendo um espelho — fiel e fascinante — de quem somos e do que desejamos.