A estreia de Jonathan Anderson na Dior, durante a Paris Fashion Week, foi um dos momentos mais aguardados desta temporada. Em sua primeira coleção à frente da linha feminina, o estilista britânico apresentou uma narrativa que dialoga com a herança da maison ao mesmo tempo em que aponta para novos rumos criativos.
Na passarela, Anderson propôs um resgate do trabalho de grandes nomes que passaram pela Dior — de Christian Dior a John Galliano, Raf Simons e Maria Grazia Chiuri —, mas sempre sob sua ótica particular, marcada pelo olhar disruptivo. Os ícones da casa foram revisitados: a icônica jaqueta Bar surgiu desconstruída, a renda foi trabalhada em golas imponentes, os chapéus trouxeram personalidade e statement, e os sapatos Roger Vivier ganharam protagonismo ao lado de bolsas de design irreverente, que reforçam o diálogo entre tradição e inovação.
O cenário minimalista também marcou a apresentação. Acostumada a desfiles em cenografias grandiosas e detalhadas, a Dior viu Anderson propor um espaço clean, quase um choque visual em relação ao passado glamouroso da marca. Essa escolha, no entanto, funcionou como um manifesto: sinalizou o início de um novo momento, onde cada peça ganha destaque individual e revela o cuidado artesanal e a assinatura autoral do criador.
A crítica internacional reforçou esse movimento. A Vogue destacou o equilíbrio entre tradição e modernidade na releitura das peças icônicas. O Financial Times ressaltou a teatralidade e ousadia do desfile. Já o El País falou em uma redefinição de “bom gosto”, mesclando sofisticação e elementos cotidianos. No Brasil, veículos como IstoÉ apontaram a energia jovial da coleção.
Do meu olhar, o que se viu foi uma estreia ousada e inteligente: Anderson conseguiu resgatar memórias da Dior e, ao mesmo tempo, imprimir sua marca em cada detalhe, dos tecidos à construção das peças. Mais do que uma coleção, foi uma declaração clara de que uma nova era criativa começou na maison francesa.




















