Texto de Laine Furtado @fashionandtrravelreporter
A Semana de Moda de Paris em setembro é um dos eventos mais esperados e influentes do mundo da moda. Realizada anualmente, esta semana reúne estilistas renomados, marcas icônicas e talentos emergentes para apresentar suas coleções de primavera/verão. Paris, conhecida como a capital mundial da moda, oferece o cenário perfeito para esse espetáculo de estilo e criatividade.
Durante a semana, diversas locações icônicas da cidade, como o Louvre, o Grand Palais e locais pitorescos nas ruas parisienses, servem como palcos para desfiles de moda espetaculares. Designers franceses de renome, como Chanel, Louis Vuitton, Balmain e Valentino, bem como marcas internacionais, aproveitam a oportunidade para mostrar suas últimas criações.
Além dos desfiles, a Semana de Moda de Paris em setembro é um ponto de encontro para profissionais da indústria da moda, celebridades, jornalistas e entusiastas da moda de todo o mundo. Ela também serve como uma vitrine para tendências emergentes que moldarão o cenário da moda global nos meses seguintes.
Este evento não apenas celebra a moda, mas também promove a criatividade, a inovação e a diversidade na indústria da moda, solidificando ainda mais o papel de Paris como um farol de inspiração e elegância no mundo da moda.
CHANEL
Inspirada pela criatividade da Villa Noialles, no sul da França, Virginie Viard reimaginou o guarda-roupa de verão das mulheres que viveram ali, especialmente Marie-Laure. Nos anos 1930, Marie Laure, que conheceu Coco Chanel, possuía cerca de 40 jaquetas Chanel e foi uma das pioneiras a adotar as joias de diamantes, introduzidas corajosamente por Gabrielle para enfrentar a crise econômica da época. Nesta coleção, essa audácia e referência se manifestam em sapatilhas decoradas com pedras preciosas.
Ao recriar o estilo da garota de St. Tropez, Virginie Viard apresenta uma Chanel mais jovem e fresca, possivelmente sua melhor coleção até o momento. Os looks incluem chinelos de dedo, proporções em miniatura e calças estampadas que destacam o requinte do savoir-faire que a marca representa.
Em meio às altas temperaturas, um dos visuais mais simples, e pessoalmente favorito, é um top de pedras em formato de losango combinado com uma camisa branca e samba canção, transmitindo a essência da Chanel e atendendo às necessidades da mulher contemporânea. Clássicos da Chanel, como tweed e vestidos estampados, ganham um toque de frescor.
LOUIS VUITTON
Nicolas Ghesquiere, o talentoso estilista francês, escolheu o cenário da Champs-Élysées para esta nova coleção da Louis Vuitton, afastando-se dos tradicionais palcos do Museu do Louvre e do Museu D’Orsay. Com uma produção criativa liderada por James Chinlud, o desfile foi transformado em um espetáculo deslumbrante com um balão de ar quente decorado com velas drapéias da Penique Produtions como pano de fundo.
A modelo Ida Heiner, musa de Ghesquiere, surpreendeu a todos ao abrir o desfile vestindo uma jaqueta corta-vento combinada com uma saia midi fluida, acentuada por um cinto preto, criando um visual romântico e moderno. O estilo esportivo persistiu com Rianne Van Rompaey, que combinou jaquetas com elegantes camisas de gola alta e saias, brincando com uma mistura de estampas que evocaram a década de 80.
Esta coleção marcou a redenção de Ghesquiere no cenário comercial, combinando magia e sensibilidade, algo que estava ausente em suas últimas temporadas. A coleção, bela e habilmente confeccionada, trouxe um respiro ao vanguardismo às vezes forçado, destacando a beleza clássica que esperamos de uma marca de moda francesa tão tradicional.
As peças desta coleção foram projetadas para atender mulheres de todas as idades, destacando o trabalho arquitetônico de Ghesquiere e explorando novos paradoxos de beleza. Desde casaquetos de tweed até jaquetas vinílicas, linhos listrados e vestidos de lamê para a noite, a coleção exibiu fluidez e versatilidade, capturando a essência da mulher Louis Vuitton – uma mulher em constante movimento. Nas palavras de Nicolas nos bastidores, “A Vuitton é uma marca de luxo, mas o que importa é a função; ela oferece um serviço: viajar melhor. A mobilidade é importante nas roupas.”
VALENTINO
O Verão 2024 da grife italiana, intitulado “L’École” (A Escola), foi revelado na icônica École des Beaux-Arts, onde Valentino Garavani se formou em Moda. O evento contou com uma performance artística de @fkatwigs e dançarinos.
A coleção propõe uma nova abordagem, onde o corpo torna-se parte integrante da roupa, invertendo a ideia convencional de que a roupa é parte do corpo. Piccioli explicou que se trata de uma “troca essencial entre a vestimenta e a mulher interior, com o objetivo de transformar nossas percepções do nu”. Através de recortes e transparências, a coleção convida a reconhecer nossos corpos, frequentemente negligenciados, como instrumentos de beleza e suporte fashion.
A performance no centro da passarela apresentou dançarinas vestindo tons de suas próprias peles, dançando de forma quase nua e captando os sons corporais, intercalados com instrumentos e elementos como terra e areia. @KaiaGerber desfilou com um vestido recortado e flats nos pés, exibindo uma técnica inovadora chamada “altorilievo”, que esculpe o tecido em formas naturalistas tridimensionais, como folhagens barrocas, flores frutíferas e animais, que abraçam o corpo nu, celebrando nosso estado natural.
A materialidade da coleção continuou com uma abordagem casual, incluindo calças jeans e camisetas brancas, todas elaboradas com a técnica inovadora. O desfile culminou em um vestido de tule transparente bordado, onde os bordados pareciam fazer parte do próprio corpo, destacando o conceito central da coleção. Em tempos de simplicidade, a criatividade e sensibilidade ganham destaque.
BALMAIN
Olivier Rousteing e o desfile inspirado em Gertrude Stein para Balmain.Depois de ter mais de 50 peças roubadas dias antes do desfile da @balmain , Olivier Rousteing entrega muita moda e um conceito de rosas inspirado em Gertrude Stein ( 1874-1946).
O estilista e diretor criativo da Balmain tem sido uma figura icônica na indústria da moda com seus desfiles espetaculares. Desde assumir as rédeas da casa de moda em 2011, Rousteing deixou uma marca indelével com suas criações. Seu estilo audacioso e inovador sempre cativou o mundo da moda.
Os desfiles de Rousteing na Balmain são um espetáculo de luxo e elegância, marcados pela fusão de elementos clássicos com um toque contemporâneo. Sua paleta de cores vibrantes e uso criativo de texturas sempre surpreendem o público.
O estilista é conhecido por sua dedicação à inclusão e diversidade, celebrando diferentes tons de pele e formas corporais em suas passarelas. Isso não apenas reflete sua visão progressista, mas também ressoa com a evolução da indústria da moda rumo à representatividade.
A extravagância dos desfiles de Rousteing muitas vezes apresenta colaborações com celebridades e artistas famosos, tornando cada apresentação um evento de alto perfil na moda global. A Balmain sob sua liderança continuará a definir tendências e inspirar o mundo da moda por muitos anos.