Por Laine Furtado | Fashion and Travel Reporter
Uma das figuras mais emblemáticas da história da moda contemporânea, Anna Wintour anunciou sua saída do cargo de editora-chefe da Vogue América após 37 anos à frente da publicação. O anúncio marca o fim de uma era — não apenas para a revista, mas para o jornalismo de moda como um todo.
Wintour continuará atuando como Diretora Global de Conteúdo da Condé Nast e Diretora Editorial Global da Vogue, cargos estratégicos que a mantêm no centro das decisões editoriais de todas as edições internacionais da marca.
UM LEGADO QUE DEFINIU GERAÇÕES
Desde que assumiu o comando da Vogue US em 1988, Anna Wintour transformou a revista na principal autoridade mundial em moda. Sua primeira capa já foi um divisor de águas: Michaela Bercu, usando jeans e uma jaqueta Christian Lacroix bordada, sinalizou que a nova era da revista abraçaria uma moda mais jovem, acessível e ousada.
Sob seu olhar editorial, celebridades começaram a dominar as capas — Madonna, Nicole Kidman, Beyoncé, Kim Kardashian e tantas outras — marcando o início de uma fusão entre cultura pop e alta moda.
Wintour também ficou conhecida por seu poder de lançar tendências, consolidar carreiras e direcionar o futuro da indústria. Sua influência se estendia das páginas da revista até as passarelas, os bastidores das grandes maisons e os salões da política cultural internacional.
MUITO ALÉM DA REVISTA
Além de liderar a Vogue, Anna foi a mente por trás da transformação do Met Gala no evento mais importante do calendário fashion. Desde 1995, ela é responsável pela curadoria, organização e pelo glamour que envolve a noite anual no Metropolitan Museum of Art.
Também idealizou projetos como o CFDA/Vogue Fashion Fund, uma iniciativa que impulsiona designers emergentes e dá visibilidade a novos talentos.
Em 2017, foi nomeada Dama-Comandante do Império Britânico pela Rainha Elizabeth II, em reconhecimento por sua contribuição à moda e ao jornalismo. Em 2020, foi promovida a Chief Content Officer da Condé Nast, coordenando o conteúdo de marcas como Vogue, Vanity Fair, GQ e The New Yorker.
UMA TRAJETÓRIA IMPRESSIONANTE
Antes de chegar ao topo da Vogue América, Wintour teve passagens marcantes por importantes veículos editoriais:
• Harper’s & Queen (Reino Unido) – onde começou como assistente editorial nos anos 70
• Harper’s Bazaar (Nova York) – como editora de moda
• New York Magazine – editora de moda e lifestyle
• British Vogue – editora-chefe de 1985 a 1987
• House & Garden – editora nos EUA antes de assumir a Vogue US
Cada uma dessas experiências moldou seu estilo editorial direto, sofisticado e ousado, que viria a definir toda uma era na moda.
O FUTURO DEPOIS DE ANNA
Anna Wintour não está se aposentando. Está, na verdade, evoluindo. Com sua saída do dia a dia editorial da Vogue US, ela abre espaço para novas vozes e perspectivas, ao mesmo tempo em que reforça sua autoridade em um papel estratégico e global.
Essa transição representa um marco. A mulher por trás dos óculos escuros icônicos e do corte Chanel tornou-se, mais do que uma editora, uma arquiteta da moda contemporânea. E sua influência ainda está longe de terminar.
O fim de uma era, mas não o fim da revolução.








